quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Capitão Astronauta: uma mensagem de otimismo - (Apresentação)

criatividade é sempre imprevisível, sobretudo quando é fruto da mente inventiva da criança, que vive num mundo adverso e, através da sua imaginação, pode construir uma realidade condizente com seus desejos e expectativas. Luís descobriu, aos oito anos, que poderia vencer o medo por meio da palavra, que poderia, atemorizado por um “valentão” do colégio, em vez de espernear ou se rebelar, criar um super-herói para defendê-lo. Com seu imaginário fértil, deu corpo à sua fantasia, e a criação veio como autodefesa, como forma de sobrevivência: o Capitão Astronauta foi o primeiro de uma galeria de mini-heróis que pululariam em sua cabecinha prodigiosa: Madame-Fraldinha, Mico, Homem Sorvete, Borboleta da Inteligência, Gêmeos sonâmbulos, Mímico Feliz e Homem Joaninha. Leitor constante e atento desde que aprendeu a ler, ele não teve dificuldade de compreender e expressar suas próprias emoções; aprendeu a desenvolver uma visão lúdica e poética da vida, mantendo um forte senso de percepção sem macular o sabor de sua infância. Esse equilíbrio deu-lhe o poder de imaginar e criar, deu-lhe a capacidade de enxergar saídas para os muitos problemas que a vida oferece, ter um pensamento crítico e poder enfocar, nas suas historinhas, problemas sérios como, por exemplo, o “aquecimento global”.


O Gibi foi criado por um menino inteligente, de mente desenvolvida, mas não vemos no conteúdo dos textos os sinais de um menino adulterado pela maturidade precoce. Ao fazer a revisão, procurei ter o cuidado de conservar as expressões originais, exatamente para não descaracterizar seu nível de linguagem. As marcas de uma linguagem amadurecida, a despeito de todos os cuidados, foi mantida, pois correspondem à sua própria forma de se expressar. Vê-se, entretanto, que são textos de uma criança que se sente criança, como já falei, e não um adulto em miniatura.

A leitura é leve e divertida, tem um estilo forte e carregado de sentido, resgatando inclusive símbolos que perduram no nos adultos: quem nunca teve uma professora terrível? Quem nunca, quando criança, pensou no cocô como um inimigo ou no xixi fugindo da privada e enchendo o mar? Quem nunca esperou a salvação através de um super-herói? A imaginação transforma em possível o impossível: a professora truculenta merece mesmo ser enviada para um asteróide qualquer. O escatológico faz parte da normalidade, embora nosso pudor com as palavras o evite. No final de todas as histórias, a mensagem de otimismo: O bem sempre vence!!! É possível destruir o mal!!!


Essa publicação nos mostra que o imaginário, ligado à emoção e à afetividade, dá segurança e certeza de que não estamos criando uma geração de repetidores infelizes. Na leitura está o segredo do homem capaz de idéias, do artista, do cientista e do político. Ou mesmo de um profissional simples, mas criativo. Luís Porto Brasileiro é um exemplo sólido de que nossas crianças podem ser capazes de renovar a cara deste velho mundo caduco. Parabenizo-o, Luís, por esta lição à humanidade. Quero continuar acreditando, como você, que os problemas têm solução e que os homens podem criar estratégias de sobrevivência sem necessariamente comprometer a saúde do planeta e a de seus semelhantes.

Obrigada!


Aíla Sampaio (18.06.2007)

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